8 de maio de 2014

Eleanor & Park

[muito bom]

Eu recomendo: Eleanor & Park
Autora: Rainbow Rowell
Editora: Novo Século

Sinopse:
Park é o único menino coreano do colégio e, apesar de não fazer parte dos populares, também não faz parte dos excluídos. Assim que a menina nova entra no ônibus ele sente raiva dela, pois parece que ela quer ser maltratada ao chamar atenção com suas roupas grandes, maior que seu corpo já avantajado, seus inúmeros colares e seus cabelos ruivos e encaracolados. Ele deixa que Eleanor sente ao seu lado no ônibus, mas não conversa com ela ou é gentil. Lentamente eles começam a se aproximar quando ele percebe que ela lê seus quadrinhos por cima de seus ombros e ele começa a emprestá-los a ela. Surge uma amizade e um romance, mas nada é tão simples. Eleanor é uma pessoa reservada já que leva uma vida complicada, um padrasto violento, uma vida de miséria, de controle e ofensas. Se o romance deles chegar ao conhecimento da família ela sabe que terá de deixá-lo além de temer pela própria vida. 

Meu cantinho:
Acabei de ler esse livro agora e estou escrevendo essa resenha. Eu só ouvi falar coisas boas a respeito desse livro e comecei a lê-lo cheia de expectativas. Preciso dizer que ele atendeu quase todas, mas o final não foi de todo do meu agrado e terminei com um sentimento de incompletude. Mas independente do que me desagradou no final esse livro é muito belo, cruel e rico e eu definitivamente recomendo a leitura.
Park tem esses traços orientais devido a mãe que é coreana, tem cabelos pretos, olhos verdes, é alto e bonito. Ele faz luta desde pequeno por conta do pai, tem um estilo um pouco rebelde e usa quase sempre roupas pretas. Seus pais são terrivelmente apaixonados um pelo outro que chega a causar embaraço. Sua mãe é uma coreana, magra, pequena, muito bonita e arrumada. Ela me causou antipatia em certos momentos, mas no geral é uma mulher dedicada e que ama muito os filhos e o marido. O pai de Park lutou na guerra, é um homem forte, apaixonado pela mulher, e também me causou certo desagrado em alguns momentos, mas entendo o lado dele – nem sempre é fácil para os pais acompanhar os filhos e aceitar algumas atitudes e comportamentos que sejam “inovadores” demais; além de entender que é da personalidade dele ser turrão. 
Eleanor é uma pessoa que se sente excluída, que é extremamente insatisfeita com seu corpo e que chama atenção pelas suas roupas grandes e diferentes. O problema real aparece quando você começa a conhecer de fato porque ela é assim. Não é que ela goste de ter o cabelo bagunçado, mas ela as vezes não tem shampoo e lava com o do cachorro. Não é que ela goste das roupas exóticas, mas é que usa roupa velhas, compradas em brechós ou herdadas, e quando essas rasgam ela remenda do jeito que pode. Ela divide um quarto minúsculo com seus cinco irmãos, sendo que um dele é apenas um bebê. Ela não tem espaço para quase nada que seja seu, apenas uma caixa com alguns poucos livros e material de pintura. O único banheiro da casa não tem sequer uma porta e ela toma banho apenas quando o padrasto não está em casa. Ela não pode sair sem justificar, não pode namorar, não pode desobedecer qualquer ordem. Ela já foi ofendida e já sofreu de violência, mas nada comparado as agressões físicas que sua mãe sofre. Seu padrasto Richie esconde uma arma e outras coisas ilegais em casa, ele gasta muito dinheiro com bebida enquanto quase não há comida em casa, além de Eleanor e seus irmãos não terem sequer uma escova de dente. Richie já chegou de expulsa-lá uma vez de casa e ela ficou um ano vivendo na casa de uma colega da mãe, e ela sempre fazia tudo para passar despercebida pois ouvia ela debatendo com o marido se deveria chamar ou não o conselho tutelar.
A família de Eleanor acabou de mudar para essa casa nova e minúscula e ela vai começar a estudar nessa escola nova. Ela preferiu pegar o ônibus a aceitar uma carona de Richie, mas o ônibus também não é muito agradável. A galera de populares no fundo começa a tirar sarro com ela desde o primeiro momento e ninguém quer que ela se sente por perto. Park não gosta dela, do modo como é espalhafatosa, mas ao perceber que ela não tem lugar ele deixa que ela se sente com ele. Ele não é amistoso, ele não conversa, sequer olha para ela. Passado alguns dias ele percebe que ela lê os quadrinhos por cima do ombro dele quando estão no ônibus e ele gentilmente vira as páginas mais lentamente. Depois disso ele começa a emprestar alguns quadrinhos, eles começam a conversar, ele grava algumas músicas para ela. O relacionamento deles avança de um modo tranquilo, belo: é segurar a mão um do outro, conversar em sussurros, dizer que se tem saudade da presença do outro. E conforme o relacionamento avança Park percebe que Eleanor não permite que ele a conheça por inteira, até que ela começa a ceder e ele começa a entrar na realidade dela. Ela não tem telefone, ela tem receio de gastar pilhas, ela não pode sair com meninos, ela precisa voltar cedo para casa, seu padrasto não pode saber, sua mãe não pode saber, ela não pode receber presentes, ela não tem espaço para coisas suas, ela divide um quarto com todos os irmãos, ela odeia o padrasto, ele a odeia, ele é violento.
Eleanor ficava sempre com receio de que o relacionamento deles fosse descoberto e algo terrível acontecesse. Eu fiquei imaginando todos os piores cenários por conta da primeira página do livro que mostra Park perdido, distante, pensando em Eleanor e como sente falta dela. Perto do final algo terrível e tenso acontece, eu fiquei extremamente temerosa. Gostei da participação de Tina e de como a autora mostra que todos têm seu lado bom e ruim. O livro tem a narração intercalada entre os dois personagens e é muito bom conhecer o ponto de vista de cada, mas foi também essa possibilidade de ver como eles pensam que me fez ficar desgostosa com Eleanor no final. Ela enfrentou muitas coisas, cuidava dos irmãos, da mãe, enfrentava um padrasto bêbado e violento por sua família, mas achei que ela teve uma atitude muito egoísta com Park no final do livro, principalmente depois de tudo o que ele fez por ela. Lógico que o livro termina de um modo feliz, com um raio de esperança, mas isso não apaga o que Eleanor faz Park passar. Foram esses sentimentos egoístas que fizeram com que eu me decepcionasse um pouco com o final, mas como disse no começo dessa resenha, mesmo assim é um livro que vale a pena ser lido.

Volume único.

2 comentários:

  1. Oie Ju =)

    Vou confessar que sempre que um livro está muito em evidencia eu fico com o pé atras com ele rs... Esse livro me lembrou um pouco o "@mor".

    Não sinto aquela vontade doida de ler esse livro no momento, mas quem sabe mais para frente eu acabe me interessando ^^

    Beijos;***

    Ane Reis.
    mydearlibrary | Livros, divagações e outras histórias...
    @mydearlibrary

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  2. Olá, Ju.

    Eu morro de vontade de ler esse livro, me parece ter um romance super cativante e história maravilhosa, porém simples. O livro é muito elogiado, não me lembro de ter lido uma resenha negativa sobre ele, estou mega curiosa.

    Beijos.

    memorias-de-leitura.blogspot.com

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