28 de maio de 2014

Claros sinais de loucura

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[ótimo]

Eu recomendo: Claros sinais de Loucura
Autora: Karen Harringthon
Editora: Intrínseca

Sinopse:
Sarah tem onze anos e sempre muda de cidade quando alguém descobre sobre seu passado. Quando tinha dois anos, sua mãe decidiu matá-la junto com seu irmão gêmeo e afogou os dois. Quando o carteiro tocou a campainha ela pediu que ele chamasse a emergência e apenas Sarah pôde ser salva. Sua mãe hoje vive em um hospital psiquiátrico e seu pai é um alcoólatra, e sempre que algum novo caso surge semelhante ao da sua mãe, a mídia revive o caso, e ela e seu pai se vêem obrigados a fugir dos olhares e críticas. Ela acha que está ficando louca, sua melhor amiga é uma planta e ela conversa sempre em sua mente com o irmão morto, mas não tem certeza que é louca e não pode perguntar a ninguém, sem contar que “louca” é uma palavra-problema para se usar perto do pai. O que ela não sabe é que seu verão não será tão ruim quanto pensa e que pequenas ações começam a fazer seu mundo mudar.


Meu cantinho:
Eu comprei esse livro por dois motivos: o primeiro foi a curiosidade em relação ao nome, o segundo foi a comparação constante que vi em redes sociais, desse livro com Extraordinário. Após a leitura finalizada posso dizer que esses livros têm pouco em comum, mais o fato de ter como narrador uma criança, que enfrenta problemas e não gosta da atenção que chama, mas cada um tem problemas muito distintos um do outro, por isso não achei a comparação tão pertinente. Se fosse fazer uma comparação, acho que ele é muito mais parecido em alguns aspectos com Perdão, Leonard Peacock. Pessoas jovens que enfrentam problemas graves, dificuldade de se relacionar, que encontram a escrita de cartas como uma escapatória, uma forma de alívio diante de seus problemas, e na figura do professor alguém que possa lhe ajudar.
Assim que li o primeiro capítulo sabia que gostaria desse livro e que a leitura, apesar de ter uma criança de onze anos como narradora, que muitas vezes pode abordar situações ou ter pensamentos infantis, e que ao trazer o texto a partir do seu ponto de vista constrói uma leitura leve, ele ainda assim abordaria questões muito pesadas, diante de todas as coisas que Sarah viveu, e que ainda vive.
Sarah vive com o pai, mudando constantemente de cidade toda vez que descobrem quem é a mãe dela. Seu pai muda sempre para cidades pequenas, mas nunca saí do Texas e ela acredita que é porque é onde seu irmão está enterrado. Ela tem que fazer muitas coisas para ajudar em casa apesar de ser apenas uma criança, ela tem que esconder seu passado, aprender a mentir, cuidar do pai que está sempre bebendo, se vê privada de diversas coisas, não tem uma ajuda feminina para problemas que vão aparecendo com a idade, quase não tem amigos, ela conversa com o irmão morto e a única amiga constante em sua vida, com quem pode desabafar tudo é uma planta – o que ela enxerga como um claro sinal de que vai ficar louca como a mãe.
Sarah está começando suas férias de verão. Seu pai finalmente vai deixar que ela passe as férias na cidade, aos cuidados da vizinha adolescente, ao invés de precisar passá-lo com os avós. Ela vai fazer coisas de meninas, vai ler, vai se apaixonar, vai conhecer outra vizinha e vai  fazer coisas inusitadas que a fazem creer que é louca. Parece bobo falando desse modo, mas o livro é muito bom, ver como sua mente funciona, como ela relata os acontecimentos, é uma leitura cativante. Ela acha que esse será um verão maravilhoso até que uma mãe mata seu filho o e caso de sua própria mãe começa a ser relembrado por jornalistas. Ela acaba tendo que fugir para a casa dos avós, o pai bebe cada vez mais e ela decide finalmente enfrentá-lo, ela se abre com a avó sobre as coisas que não pode conversar com o pai e decide encarar de frente sua mãe. O final desse livro é esplêndido, realista, doloroso e tocante.
Creio que eu não fui capaz de escrever na resenha o quanto esse livro é interessante. É apenas um simples verão, mas Sarah não é uma menina comum, com um passado comum, e ela acredita que pode não ter um futuro comum, porque pode herdar a loucura da mãe. Suas reflexões, ações e o modo de ver o mundo são interessantíssimos, um livro singular. Recomendo.

Volume único.

2 comentários:

  1. É engraçado como faltam palavras pra gente descrever quando gostamos tanto de um livro né!! Fiquei interessada, vou por ele na minha listinha!!

    xoxo
    http://amigadaleitora.blogspot.com.br/

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  2. Não conhecia o livro, mas achei a premissa bem interessante. Pelo que você descreveu, realmente não parece muito com Extraordinário.
    Adorei a resenha.

    M&N | Desbrava(dores) de livros - Participe do nosso top comentarista de Maio

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