21 de fevereiro de 2014

A garota que você deixou para trás

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[ótimo]

Eu recomendo: A garota que você deixou para trás
Autora: Jojo Moyes
Editora: Intrínseca

Sinopse:
Em 1916, na França, Sophie enfrenta os horrores da guerra enquanto seu amado marido, Édouard, está no front de batalha. A pequena cidade em que vive foi tomada pela exército inimigo, e quando o novo Herr Kommandant obriga que ela sirva comida para os oficiais alemães em seu estabelecimento logo ela é vista como colaboradora e enfrenta a hostilidade da comunidade que sempre ajudou. Em suas visitas o Kommandant se encanta por um retrato de Sophie pintando por seu marido, ele também se encanta com ela. Quando recebe a notícia de que Édouard foi capturado ela precisa tomar uma decisão que pode colocar tudo em risco. Em Londres, no ano de 2006, Liv tem na parede da sua casa o retrato de Sophie, presente de casamento do seu falecido marido. Quando depois de anos ela se envolve com outro homem, Paul, ela mau pode acreditar na sua infelicidade ao descobrir que é ele quem representa os descendente de Édouard, que querem reaver o quadro que hoje em dia vale milhões. O livro intercala a vida dessas duas mulheres, uma lutando para salvar seu marido, a outra para manter o presente que ele carinhosamente lhe deu.

Meu cantinho:
Eu simplesmente não sei dizer que livro dessa autora amo mais e como ela consegue escrever de um modo tão maravilhoso. Eu adorei A última carta de amor, Como eu era antes devocê me conquistou ainda mais, mas quando li A garota que você deixou para trás eu me tornei incapaz de dizer qual livro eu prefiro!
O livro tem uma capa que segue o mesmo design de Como eu era antes você, eles não tem nenhuma semelhança na história, mas eu gosto da padronização de capa nos trabalhos dos autores, o mesmo que a Intrínseca fez com os livros do David Nicholls. O livro tem uma diagramação boa, o trabalho de revisão está ótimo, acho apenas que a letra poderia ser um pouquinho maior.
O livro é divido em Parte 1 e 2. A parte um se passa em St. Péronne e Paris, cidades da França. O período é a Primeira Guerra Mundial, algumas cidades da França foram tomadas pelo exército alemão, é o caso de St. Péronne. Sophie se mudou de Paris para a pequena cidade quando seu marido foi para a guerra, de modo que ela poderia ficar com seu irmão Aurélien, sua irmã Hélène e seus filhos (cujo marido também foi lutar na guerra). Elas administram um hotel, mas na verdade os alemães já levaram tudo e não há possibilidade de hospedar qualquer pessoa, elas apenas abrem o restaurante do hotel, que mais pareceu um bar, um ponto de reunião das pessoas da comunidade, já que quase não há alimento para ser servido. Há sempre animosidades, suspeitas, sussurros, terror, mas não há muito que se possa fazer quanto aos soldados que ocuparam a cidadezinha. St. Péronne tem um novo Herr Kommandant, que depois de um incidente muito inusitado com a família de Sophie, ele afirma que o hotel terá que servir as refeições para os soldados. Ela então começa a ter problemas com as pessoas da cidade, que começam a acreditar que ela está de alguma forma apoiando o exército inimigo – e isso me deu muita raiva porque Sophie sempre ajuda todo mundo, e de uma hora para outra, por conta da imposição de um oficial, ela é vista como colaboradora. As pessoas começam a tratá-la mau, a ofendê-la, a duvidar de sua índole. De fato há uma aproximação dela com Herr Kommandant, mas dele como pessoa, não como um oficial do exército alemão. Ao obrigar que elas fizessem a comida para os soldados, permitiu que elas ficassem com as sobras, ele também não permite que nenhum dos seus soldados tome liberdade com as irmãs, e sempre as trata com gentileza. Ele também acabou conquistando ela por entender de arte e apreciar um retrato dela, pintado por seu marido Édouard, apesar da relutância, já que ela não quer aquele espaço, aquelas memórias, invadidas por um alemão. Acontece que Sophie tem notícias que seu marido está preso num campo, onde as rações de comida se resumem a uma sopa rala, onde o trabalho braçal e exaustivo, quebrando pedras ou construindo pontes, onde a exaustão é punida com agressões e qualquer pequena insubordinação é punida com a morte. Ela então propõe um acordo ao Kommandant, ela percebe que ele tem certo interesse nela, e lhe oferece o quadro e seu corpo, para que ele salve seu marido. Temos mais alguns acontecimentos (no qual basicamente eu quero esquarteja o irmão mais novo dela, Aurélien) e então a parte 1 acaba e você entra em pânico e surta totalmente porque você precisa saber o que aconteceu com Sophie e a parte 2 começa outra estória em outra época!
A parte 2 ocorre em Londres do ano 2006, mas mais para frente teremos capítulos que voltam para a história de Sophie. Temos agora Liv, que perdeu o marido a quatro anos mas de certa forma ainda não superou essa perda. Ela mora em uma casa de vidro linda que ele construiu (ele era arquiteto), mas a verdade é que ela tem problemas com o dinheiro, dívidas no cartão, hipotecou a casa e está cheia de credores, sem saber o que fazer. Ela está cansada de seus amigos tentarem lhe arrumar um namorado em encontros combinados, que não resulta em nada, pois a verdade é que ela não consegue esquecer David. Isso até ela conhecer Paul, um advogado, bem sucedido, que simplesmente a encanta. Tudo parece estar indo bem, até que eles dormem juntos na casa dela, ele acorda, começa a agir de modo estranho e desaparece por alguns dias. Liv fica desolada sem saber o que aconteceu, até que ele retorna para falar com ela e explicar tudo. Ele saiu correndo da casa dela naquela manhã pois na parede do quarto dela ele se deparou com o quadro A garota que você deixou para trás (sim, o retrato de Sophie), e os descendentes do pintor haviam contratado ele para descobrir onde a obra estava e acionar a justiça para rever esse objeto que sumiu durante a guerra. Isso mina completamente a relação dos dois, Paul não desiste do processo e Liv não pode se desfazer desse quadro, Sophie que sempre pareceu entendê-la, que estava lá quando David se foi, que foi um presente dele para ela, presente pelo casamento dos dois. Já endivida, ela apenas se complica mais financeiramente para contratar advogados e recolher informações que possam fazer ela ganhar o caso. É incrível a falta de informação e a crueldade das pessoas, Liv é vista pela opinião pública como uma ladra, muitos falam do sofrimento dos judeus (não sabem eles que essa é uma obra que está relacionada a primeira, e não a segunda guerra mundial), eles cospem nela na rua, colocam merda (literalmente) na sua caixa de correio. Escrevem cartas ofensivas, ligam para ela toda hora. O pior é que o leitor vê como ela ama o quadro, e como os descentes do pintor apenas o querem para vendê-lo e ganhar algum dinheiro. O livro fica na luta de Liv para reunir alguma informação e nos acontecimentos que se seguem a Sophie o quadro. O leitor fica angustiado querendo saber se Sophie terá algum final feliz e se Liv manterá o quadro que tanto ama e se ela e Paul terão uma chance diante de todas essa confusão. O final é lindo, o epílogo também, o livro todo na verdade! Recomendo!
Para fechar, gostaria de abrir um espaço para falar de uma personagem: Liliane Béthune (do tempo de Sophie). Ela foi julgada muito rapidamente pela sociedade, e o que tanto sua comunidade quanto os soldados alemães fazem com ela é terrível. O final dessa personagem é nada menos do que trágico, e de certa forma também é o destino de sua filha, que foi afastada da mãe, e sempre teve a certeza de que Herr Kommandant foi sua desgraça, fez o possível para atingi-lo, sem nunca saber que ele de fato tentará ajudá-la (pelo menos foi o que me pareceu no livro).  É uma personagem intensa, corajosa, maravilhosa, que mereceu esse espaço na resenha.

Volume único.

2 comentários:

  1. A capa é linda e esta no meus desejados o livro.
    Adorei a sua resenha, passou um visão completa do livro e agora minha vontade só aumentou ^^
    Brubs
    contodeumlivro.blogspot.com.br

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  2. A capa é linda. Ao vê-la, imaginei um enredo totalmente diferente, mas me surpreendi com a sinopse e com sua resenha. Quero muito ler este livro.

    M&N | Desbrava(dores) de livros

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