4 de julho de 2013

As aventuras de Pi

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[ótimo]

Eu recomendo: As aventuras de Pi
Autor: Yann Martel
Editora: Nova Fronteira

Sinopse:
Piscine Molitor Patel, também conhecido como Pi, nasceu na Índia e mora em um zoológico que seu pai administra. Tem uma mãe carinhosa, um irmão atleta, um pai rígido e muito inteligente. Pi vai crescendo e descobrindo outras religiões, aos 16 anos ele é hindu, cristão e mulçumano. Por dificuldades devido a política na Índia, sua família vai se mudar para o Canadá e vender os animais dos zoológicos, no meio do caminho o navio naufraga e Pi se vê em alto mar, dividindo o bote com uma zebra, uma hiena, um orangotango e um tigre de bengala. Pi conta a sua história de como sobreviveu 227 dias em um bote e como Richard Parker, o tigre, foi essencial para sua sobrevivência.

Meu cantinho:
No caso de As aventuras de Pi eu vi o filme antes do livro, e o filme foi maravilhoso. Eu estava com muita vontade de ler o livro, ganhei ele de presente de aniversário da minha amiga Shayenne e fiquei super contente. Acontece que comecei a ouvir aqueles boatos, e ler noticias que falaram sobre o fato do autor Yann ter roubado de um ator brasileiro a ideia de um jovem num navio, que afunda, e ele se salva num bote com um felino! O livro se chama Max e os Felinos de Moacyr Scliar, e de fato a semelhança é incrível, li várias coisas sobre o assunto, em uma delas Yann declara nunca ter lido Max e os Felinos, mas ter lido uma resenha negativa desse livro e como achou a ideia boa, ele aproveitou essa ideia boa estragada por um autor brasileiro ruim. Depois de muita polêmica [assista esse vídeo onde Moacyr fala sobre o ocorrido] Yann ligou para o autor para pedir desculpas e atualmente ele o agradece em seu prefácio com um: “Já a centelha de vida devo ao Sr.Moacyr Scliar”. Apesar de tudo isso, preciso admitir que Yann tem uma escrita incrível, e não sei até onde ele tirou isso de Moacyr (o que me deixou com muita vontade de ler Max e os Felinos), mas acredito que muito seja dele, e As aventuras de Pi é um livro magnífico, da capa (baseada no filme) aos 100 capítulos.
O autor escreve sobre diversas coisas com muita “precisão”, apesar de serem assuntos variados, que falam de cultura, curiosidade, animais, administração, religião, questões existenciais. Ele me surpreendeu muito, e me fez pensar, quando trouxe questões acerca do zoológico, da imagem ruim que normalmente criamos desse ambiente (e que confesso que alguns zoológicos realmente me causam repudio), mas ele argumenta muito bem sobre questões de conforto, segurança, a liberdade e contrapontos entre o habitat natural e a jaula. Confesso que mudei um pouco minha percepção, apesar de ainda ter alguns questionamentos contra alguns elementos de alguns zoológicos. Quanto a religião, apesar desse normalmente ser um assunto incomodo para mim (odeio a certeza que todos têm sobre a veracidade da sua crença, invalidando todas as outras), Pi traz esse assunto de um modo único, e de certo modo muito maduro, que poucas pessoas conseguem enxergar. Apesar de conhecer poucos elementos do hinduísmo, me pareceu uma religião muito interessante e pude perceber vários pontos de convergência com outras religiões (apesar das pessoas normalmente se focarem nas diferenças, e na certeza do seu, consigo perceber muito mais os pontos em comum). Pi nasce na Índia, é hinduísta, e achei interessantíssimo seu primeiro contato com o cristianismo, é muito interessante ver algo comum a nós sobre uma nova perspectiva. Pi adere a três religiões com o passar do tempo, ele é cristão, hindu e mulçumano. Certo dia ele se encontra com três religiosos de cada uma dessas religiões dos templos que ele frenquenta, e eles começam a discutir sobre qual religião Pi segue, qual é a certa, afirmando que ele não pode seguir todas e quando ele fala que Gandhi disse que todas as religiões são corretas e tudo o que ele deseja é amar a deus, ele retira todos os argumentos desses religiosos e para mim, demonstra sua maturidade sobre todos eles.  A única crítica que tenho nesse ponto é quando ele fala a respeito do ateu, que este tem o despertar da fé no leito de morte. Achei ruim essa percepção, não que isso não aconteça com algumas pessoas, mas acho algo generalizado demais e acredito que preconceituoso com aqueles que não têm uma crença religiosa.
O livro tem então esse começo marcado por Pi, sua vida no zoológico, suas descobertas religiosas (diferente do filme não tem questões amorosas) e por problemas políticos sua família decide mudar para o Canadá.  Durante a viagem o cargueiro naufraga e Pi se vê num bote com animais do zoológico, sendo um deles um tigre de bengala. Você deve pensar que ficar preso no mar seja um tédio total, um dia igual ao outro, e não que não seja, mas essas partes não são retratadas no livro. O que ele fala é sobre um menino tentando adestrar um tigre para que possa ter acesso ao bote e não ficar boiando precariamente sobre coletes e remos em alto mar. É uma tentativa de sobreviver com água e comida escassas. Um menino que vegetariano que nunca matou nada na vida, que se vê obrigado a pescar, a caçar tartarugas e matar aves para alimentar um tigre faminto. É uma separação sem despedida extremamente dolorosa. Este é um livro muito bem escrito, muito curioso e muito rico, eu recomendo.

Volume único.

2 comentários:

  1. Oi!
    O livro parece ser até bom, mas i tantas resenhas negativas que acabei desistindo de ler. Ainda quero assistir ao filme.

    BjO
    http://the-sook.blogspot.com.br/

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  2. http://naoseioquefizdavidak4.blogspot.com.br/2013/07/selo.html

    Tem selinho lá no meu blog para você. ^^

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